sexta-feira, 29 de setembro de 2023

O repouso de uma velha de 44 anos

Torci o pé. Tornozelo esquerdo.

Jogando beach tennis.

# Uma pausa pra constatar que eu ainda não tinha falado aqui da minha maior paixão desde dezembro de 2020. Jogo desde então, de 3 a 4 vezes por semana, é minha atividade física, é minha terapia, meu encontro com amizades maravilhosas! Jogo torneios, quero melhorar e ser a melhor idosa Beach tenista desse Brasil. Acho que ainda dá tempo! Qualquer dia eu aprofundo mais esse assunto #

Não preciso falar que eu estava ganhando, nem que eu tinha feito vários aces (ponto de saque) antes do ocorrido. Desnecessário. Não precisa. Mas foi no saque do Game Point... Saquei, fui entrar na quadra, virei o pé e me estatelei na areia.

Saco.

Médico, raio X, ressonância, fisioterapia... Três ligamentos do tornozelo estirados e mais: 

- Discreto edema ósseo subcondral no aspecto plantar da cabeça do tálus sugerindo contusão.
- Artropatia degenerativa incipiente. 
- Pequeno derrame articular tibiotalar e subtalar posterior. 
- Lesões parciais dos ligamentos fibulotalar anterior, fibulocalcâneo e deltoide, mais evidente no primeiro. 
- Fascite plantar incipiente. 
- Tenossinovite dos flexores longos dos dedos e do halux. 
- Tendinopatia e tenossinovite do tibial posterior. - Tendinopatia discreta do calcâneo com pequeno entesófito.

Esse é um retrato do pezinho de uma sapateadora que sapateia há mais de 30 anos.

Mas o pior de tudo é: 2 a 4 semanas de repouso. Vamos definir repouso?


repouso
substantivo masculino
  1. 1. 
    ausência, cessação de movimento, de trabalho.
  2. 2. 
    FIGURADO
    isenção de problemas, de agitações; tranquilidade de espírito.


Legal. Bonito.

Para um funcionário com carteira assinada, concursado de repartição, ou coisa que o valha, é possível. Um simples atestado resolve esse problema.

Para uma autônoma, dona do próprio estabelecimento, a coisa não funciona bem assim. Não estou reclamando, ok? Fiz minhas escolhas, tenho meus horários flexíveis e isso é meu bônus. Meu ônus é precisar de repouso. 

Num dá. Ainda mais agora, dezembro batendo na minha porta e as coreografias todas pra acabar.

Estou dando aula normalmente. Quer dizer, nada normal... Dou aula sentada, gritando no ouvido dos alunos (hehehe). Quando eu digo "normal", eu digo sem nenhuma aula perdida.

Mas sem meu Beach Tennis (lindo do meu coração), eu acho que a palavra repouso tem sido aplicada por aqui, mesmo que parcialmente.

Tenho usado um robofoot para poder me locomover com um pouco de conforto e segurança. Mas nos tempos livres, fico parada com o pé pra cima.

Aí é que está a questão. Ficar parada dói. Dói tudo! Não só o pé. 

Dói a lombar, de ficar muito tempo na mesma posição... Dói o dedão da mão por ficar mexendo mais tempo do que o usual no celular... Quando levanto, dói a outra perna que está sobrecarregada... 

De novo: num dá!

Não dá pra andar muito, não dá pra ficar de repouso, não dá pra fazer um monte de coisa que eu tenho pra fazer... Resumindo: num dá pra machucar!!!! Num dá!!!

Num dá, gente!!!

Desculpe, mas num dá!!!



Ps.1: Essa postagem encerra num tom bem rabugento, fazendo florecer a idosa que está nascendo em mim.

Ps.2: O começo da postagem, tem um tom um pouco arrogante e prepotente, quando cita a minha performance no Beach tennis, fazendo florecer o meu lado competitivo que vai me fazer chegar a ser a melhor idosa Beach tenista do Brasil.

Ps.3: São muito idosas dentro de mim!!!




.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Na defensiva.

Me ligaram hoje da academia.

Do telefone fixo!

Na hora eu pensei: “Era só o que me faltava eles me perguntarem o porquê da minha ausência… Estou pagando e não estou indo... É o cenário perfeito pra eles!”

Eu já me preparei para explicar meu problema no calcanhar que está ficando crônico e tal... (deficiência essa que não me impede de jogar 4 horas seguidas de beach tennis e dar aula quase que normalmente)

Na verdade, eles só queriam me avisar que o celular deles tinha sido clonado e que alguns alunos estavam mandando pix da mensalidade para os golpistas. Olha que fofos e eu com três pedras na mão.

Bem diz minha mãe: Quem deve, teme!!!


Ps.1: Eu odeeeeio academia!!! Mas preciso ir, preciso!!!

Ps.2: Segunda eu vou! Não, segunda eu vou estar em Sp! Terça não dá… Quarta, sem falta!!!




.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Quem sou eu?

No final de 2022, li o livro espetacular da Viola Davis "Em busca de mim".

Eu sou completamente apaixonada por ela desde sempre e esse amor se consolidou depois das 6 temporadas do "How to get away with murder". Acho ela linda, inteligente, atriz fodástica e ainda tem cara de simpática. Depois da passagem dela pelo Brasil jantando na casa de Taís Araujo pude quase ter certeza disso, depois do que falaram dela. Mas só vou ter certeza no dia em que eu conhecê-la. Um sonho!

A biografia é recheada de memórias tocantes, profundas e super sensíveis. Reflete sobre o racismo, abusos que ela sofreu na infância paupérrima que viveu e finalmente o seu triunfo: uma garota preta, pobre, esquisita e cheia de traumas que a arte salvou e consagrou!!!

Mas teve uma parte do livro que me pegou e me fez introspectar. Num encontro dela com Will Smith, ele vira pra ela e faz uma simples pergunta: Quem é você, Viola?

Ela não entendeu a pergunta direito, já que ele sabia bem quem ela é, atriz renomada e respeitada internacionalmente... Mas ele explicou dizendo que ele era aquele "o garoto de 15 anos que levou um pé na bunda".

Essa era a essência dele. O pé na bunda moldou sua personalidade e suas decisões no que seguiu depois disso.

Depois de refletir, ela respondeu: "Eu sou a garotinha preta da terceira séria que corria dos meninos brancos da escola para não apanhar".

Às vezes ela apanhava.

Nessa hora eu parei pra refletir e venho refletindo até hoje. Eu sou muito privilegiada, não tenho histórias tristes para contar e queria descobrir/entender o que me moldou essa pessoa otimista, positiva e alegre que sou... Claro que tenho momentos bad vibes, óbvio, mas felizmente são raros. Acho que a maioria das pessoas que me conhecem diriam que eu sou uma pessoa leve e pra cima. E eu me sinto assim mesmo! Noventa e cinco por cento do meu dia, eu estou de bom humor (os 5% são tpm e conversas puxadas em jejum).

Tenho auto estima boa, apesar dos mil defeitos... Não tenho muitos medos e neuras. Por que será? 

Minhas questões levantadas internamente:


Sou filha caçula?

Acredito que isso influencie na minha personalidade. Meus pais nunca fizeram diferença em relação a isso, mas minha vó Olga fazia, reclama minha irmã, e de fato fazia mesmo.

Mesmo a minha irmã, me protegeu a vida toda e ainda faz isso com muito amor! Faz porque também é da personalidade dela... Mas junta tudo: sou mimada!!!


Consentiram a tudo que eu sempre quis fazer?

Meus pais sempre aceitaram as minhas escolhas (menos a de largar a escola no ensino médio, obrigada mãe, obrigada pai!) talvez porque eu sempre soube o que quis, mas o fato de não escutar muitos nãos em decisões e apoio total em tudo sempre, certamente contribuiu na formação do meu eu!


A criança que não tem traumas ou histórias pesadas pra contar…

Isso é uma dádiva! Nunca perdi alguém próximo (sem estar velinho), meus pais são casados até hoje, tenho 3 filhos saudáveis, uma família saudável, um casamento maravilhoso... Nas entrelinhas tem histórias ruins também, claro que tem... Será que é o jeito que eu vejo as coisas? Pode ser. Mas que sou muito abençoada, eu sou! Não tem como negar.


A menina que sempre foi desejada e teve quem desejou…

Nunca foi largada, sempre largou…

Agora é a hora que eu reflito sobre paquera e namoros.

Uma adolescência saudável influencia também em quem a gente se torna, eu acho. 

Não tinha problemas com a minha aparência, apesar de ser magra demais e passar por fases criticas de desengonçamento.

De fato, eu terminei todos os meus relacionamentos. Nunca tomei um pé na bunda. Não estou me gabando, hein, estou refletindo sobre "quem eu sou", lembra?

Isso faz diferença? Talvez.

Me trouxe segurança. Assim, eu não fiz muitas concessões nos relacionamento e isso me trouxe a um casamento feliz e saudável. Concessões são importantes num casamento, sim, mas só as que a gente pode aguentar!



Será que essa sou eu?

A menina que viveu num mundo azul (prefiro do que cor de rosa)?

Continuarei pensando. Não tem como fechar esse diagnóstico fugindo das sessões de terapia que eu fugi.

Continuarei usando esse bloguito para reflexões e divagações já que os divãs não conseguiram me pegar...

Agora, eu te pergunto: QUEM É VOCÊ?