Tolerância 5,5

Sempre achei que evoluir como pessoa seria aprender a lidar melhor com as situações adversas.
Sempre achei que eu estava evoluindo.
Errei.

Eu odeio confusão. Dou o mundo para fugir de um barraco e por isso fico quieta em momentos em que eu deveria falar... Isso me faz um mal desgraçado!

Aconteceu um "causo" que esfregou isso na minha cara e me mostrou que está na hora de mudar e tomar mais atitudes.
Bobagem. Nada sério.

Marquei um horário no salão de sempre para retocar os grisalhinhos que me perseguem.
Chego no salão, a assistente da minha cabeleireira fala para eu sentar, e eu sento.
Começa a preparar a poção mágica para meus branquinhos e eu pergunto:
"Cadê a cabeleireira?"
"Ela deu uma saidinha"

Ok. Tolerante que sou, continuei esperando na cadeira.
Mas ela chega muito perto com o potinho numa mão e o pincel na outra...
Afasto a cabeça...
"Ela vai demorar?"
"Acho que ela não vem mais, foi resolver umas coisas..."

Achando que era a melhor coisa a fazer, pronunciei minha opinião:
"Mas escuta, e vocês não me avisam que ela não vem? Eu não tenho opção de querer fazer outro dia? Não é nada contra você, querida, mas ela faz meu cabelo a anos..."
"Tudo bem, eu entendo..."
O "...endo..." já foi com a tinta na minha cabeça.

Bufei, ficou o maior climão no salão, já que todo mundo ouviu o que eu falei porque o lugar é um cubículo , mas não fiz o melhor a ser feito...
O melhor a ser feito era TER LEVANTADO E TER IDO EMBORA!!!

A menina é aprendiz, está fazendo curso ainda, e eu não sou obrigada a ser atendida PELO MESMO PREÇO para servir de cobaia.

Mas eu não levantei, fiquei e experimentei o serviço N.I.P. (not important people).
Manchas no couro cabeludo, na costeleta (peguei eu mesma o removedor de tinta para limpar) e uma escova tão ruim, tão ruim, que isso foi ontem e eu já lavei o cabelo.

Tudo isso porque eu não fui capaz de levantar e ir embora.

Gostaria de não ter papas na língua, ter coragem de reagir, chutar o balde, ser SUPER SINCERA e abaixar o meu nível de tolerância. Não para zero, mas para 3, pelo menos...

Me senti maltratada, e isso não precisava ter acontecido. A culpa não foi da garota inexperiente que ficou com a bucha de me atender. A culpa foi da cabeleireira que foi displicente e não se importou com o que eu ia pensar de ser atendida por uma assistente sem noção.
Isso porque ela é dona do salão...

Claro que eu não piso lá nunca mais... Mas o mais importante foi o aprendizado... Acho que aprendi... Um dia chego lá... Assim espero!